Um relacionamento duradouro e estável é o que muitos casais buscam. Conviver com uma pessoa que possui algum transtorno mental é desafiador, pois este apresenta alterações nos aspectos comportamentais, emocionais e psicológicos. Quando se trata de conviver com alguém que possui o diagnóstico de transtorno Bipolar, não é diferente. O Transtorno Bipolar é doença episódica, oscilando para fases depressivas e de ativação, ou seja, o cérebro liga e desliga causando alterações na expressão dos comportamentos, das emoções e nas percepções psicológicas da vida cotidiana.
A pessoa com bipolaridade pode ter elevação ou rebaixamento nos impulsos, na energia e no humor, estas alterações provocadas por uma desregulação da função química do cérebro é o que fará a pessoa se comportar, sentir ou pensar de forma inadequada para sua realidade, dos princípios ou valores da sua vida. Para uma pessoa que convive com alguém com bipolaridade é desafiador entender e lidar com tantas mudanças e oscilações nestas três áreas, impulso, energia e humor.
Por exemplo:
1) A irritabilidade que pode ocorrer tanto em episódios hipomaníacos ou de depressões dificulta a comunicação; o excesso de irritabilidade pode provocar discussões, incompreensões, por conseguinte dificuldade de resolver os problemas diários por se tornar difícil a comunicação.
2) Outro sintoma que ocorre na fase de ativação é uma certa inflexibilidade diante de determinados assuntos, ou seja, é como se a pessoa fosse dona da verdade, isto também dificulta a convivência do dia a dia.
3) Na fase depressiva o nível de energia pode ficar muito rebaixado e a pessoa não ter qualquer perspectiva ou motivação para viver isto faz com que, quem convive se limite a viver também sua própria vida por ter que estar mais próximo ou não ter a companhia que precisa para as demandas e alegrias da vida.
Sim, cada sintoma do transtorno bipolar irá afetar significativamente a convivência, contudo há estratégias efetivas que podem auxiliar nesta montanha russa e mesmo assim manter um relacionamento funcional e duradouro. Muitos casais para darem conta se apegam ao que de fato significa a relação, ou seja, conseguem visualizar a essência desta pessoa, do relacionamento e o que existe para ambos que vai além dos sintomas da doença.
ENTÃO, O QUE ELES FAZEM PARA DAR CERTO?
VIVEM COMO UMA EQUIPE
Relacionar envolve tomar decisões o tempo todo, responsabilidades na manutenção do bem-estar do relacionamento. O dia a dia de um casal é cheio de demandas, conquistas, escolhas, parcerias, sendo assim, esse espaço de troca, de cumplicidade, de diálogo, de respeito e compreensão é fundamental para se construir uma relação duradoura.
BUSCAM CONHECIMENTO - CONHECIMETNO SALVA VIDAS, SALVA RELACIONAMETNOS
Atualmente temos uma grande facilidade para obter conhecimento. A informação de qualidade pode direcionar decisões, escolhas e comportamentos capazes de prevenir muitos problemas na saúde do relacionamento.
Busque estudar sobre o Transtorno Bipolar. É uma doença do cérebro. Entenda sobre os episódios, os sintomas, o tratamento, as apresentações da doença na pessoa querida, considerando que cada pessoa com o diagnóstico tem a sua bipolaridade. Converse com os profissionais e busque informações de qualidade que possam beneficiar a convivência.
A pessoa que convive com alguém com o transtorno tem mais condições de identificar os primeiros sintomas e sinais da chegada de algum episódio, esta identificação precoce pode ajudar a pessoa querida a evitar um episódio completo ou amenizar o impacto dele. Na minha prática clínica oriento os familiares mais próximos sobre como identificar essas mudanças no humor, na energia ou na atividade, que muitas vezes podem ser sutis, mas que podem salvar de um dano maior. Para isto você pode utilizar aplicativos de rastreamento de humor ou planilhas para anotações destas alterações.
Ao identificar os primeiros sintomas, verifique o que pode ter contribuído para que eles surgissem e procure alternativas efetivas de gerenciamento da situação estressora. Se ficar difícil leve imediatamente para os profissionais que acompanham.
Para que o conhecimento sobre a doença seja colocado em prática é necessário que a pessoa querida que tem a doença aceite esta parceria, já que é mais difícil que ela mesma perceba em si os sintomas que predizem um episódio.
Se você é portador da doença, não hesite em comunicar à pessoa querida que é portador, quanto mais cedo aprenderem a lidar com os sintomas da doença mais fácil será a convivência, é obvio que se você estiver no início do relacionamento, espere o momento apropriado para dizer. A outra pessoa tem o direito de saber e se preparar para esta convivência tão desafiadora, que envolve em primeiro lugar uma aceitação.
APRENDEM A COMUNICAR - COMUNICAÇÃO AMOROSA, ABERTA E SEM JUGAMENTOS FORTALECE O VÍNCULO
Este tipo de comunicação precisa ser praticado cotidianamente. Não é tão simples, mas é possível desenvolver esta habilidade.
A comunicação inadequada nas demandas do dia a dia pode gerar inúmeros conflitos que desgastam a relação. A psicoterapia irá ajudar muito no treinamento destas habilidades, o casal entrará em acordo de como gostaria que fosse dito, por exemplo, quando os primeiros sinais de sintomas ou algum comportamento inadequado surgissem.
Outro aprendizado importante dentro da comunicação é como agir ou reagir diante de situações complexas para que não se arrastem para conflitos pessoais ou situações passadas. O respeito mútuo, a compreensão e muitas vezes uma distância mínima necessária, até que a onda emocional passe e traga novamente a condição de resolver os problemas de forma mais serena e assertiva. Sempre expresse os sentimentos, evite acusações, julgamentos, descubram as falhas e se esforcem para acertá-las.
Veja um exemplo de um casal que convive com a bipolaridade e aprenderam a se comunicar: "Ela me permite ficar bravo, até certo ponto. Se ela não sente que o que está me incomodando é legítimo, ela me diz. … __Olha, você precisa apenas que alguém te ouça e entenda o que você está sentindo até que essa onda inicial de emoções passe, e você consiga controlá-las e pensar de forma mais racional e lógica, eu estou aqui para isso, quando passar podemos conversar sobre o assunto”.
O que isso significa? Uma escuta compreensiva e respeitosa, mas também um respeito e esforços da outra parte para se autorregular diante da intensidade emocional. Significa ainda o quanto são parceiros diante dos desafios da convivência com a bipolaridade.
DESENVOLVENDO A EMPATIA E TOLERÂNCIA
Um relacionamento permeado pela bipolaridade, muitas situações podem ser levadas para lado pessoal quando os sintomas comportamentais aparecem.
O transtorno bipolar não vem apenas com uma depressão melancólica ou uma euforia. Na realidade tem uma outra apresentação do transtorno que inclui os sintomas de irritabilidade, raiva, inquietação e um humor volátil, mesquinho e desagradável. Estes sintomas podem aparecer tanto nos episódios de ativação, nos quadros mistos ou em uma depressão agitada. São sintoma que afetam muito o relacionamento, pois comportamentos desagradáveis e agressivos são frequentes. Neste sentido, não levar tanto para o lado pessoal e ao invés cultivar a tolerância e a empatia pode tornar o relacionamento mais agradável.
Tanto a pessoa querida que sofre com o transtorno, quanto a que está ao lado pode treinar estas habilidades. Ter paciência e tolerância um com o outro, às vezes afastando-se, às vezes acolhendo e aproximando-se, sempre entendendo que convier com os comportamentos resultantes de alterações de humor é bem difícil e desgastante, principalmente pela pessoa querida que não tem o transtorno. Por esta razão a compreensão, a tolerância e empatia fortalecerá o vínculo tornando o relacionamento mais duradouro.
Estas são algumas das habilidades de casais que convivem com o Transtorno Bipolar precisam desenvolver para que o relacionamento possa ter mais probabilidade de ser funcional e duradouro.
Vamos praticar?
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Lucinê Costa - Psicóloga
Para saber mais sobre bipolaridade e relacionamento acesse aqui
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