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TRANSTORNO BIPOLAR

TRANSTORNO BIPOLAR - O QUE É ?

 

O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental, uma doença do cérebro marcada por mudanças extremas de humor, pensamento, energia e comportamento.  Essas alterações não estão relacionadas à falha de caráter ou uma fraqueza pessoal, mas a uma condição de saúde  que a pessoa não consegue controlar sem o tratamento adequado. 

As alterações químicas que ocorrem no cérebro bipolar oscilam em dois polos, alto e baixo, mas   não são as que vivemos em nosso dia a dia, uma pessoa com o transtorno terá essas oscilações em um nível de gravidade que compromete a vida como um todo. Essas mudanças podem durar por dias, semanas, meses ou até anos.

 

QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO TRANSTORNO BIPOLAR 

Os sintomas estão relacionados de acordo com os polos “alto” ou “baixo”. O polo “alto” chamamos de mania/hipomania e o polo “baixo” chamamos de depressão. 

Os sintomas da Mania/hipomania se apresentam com humor elevado, otimismo e autoconfiança exagerado, irritabilidade excessiva, comportamento agressivo, diminuição da necessidade de sono sem sentir cansaço, pensamentos grandiosos, senso de razão aumentado, discurso e pensamento acelerados, fuga de ideias, impulsividade, distraibilidade, comportamento impulsivo para compras, sexo, jogos, comida, atividade física, fixação em um conteúdo religioso, político, filosófico. Em casos mais graves de mania  pode precisar de internação hospitalar, ocorrer delírios e alucinações.  

Os sintomas da depressão se apresentam com tristeza prolongada ou crises de choro inexplicáveis; Incapacidade de ter prazer em interesses anteriores, retraimento social; mudanças significativas nos padrões de sono e apetite, irritabilidade, raiva, preocupação, agitação, ansiedade, pessimismo, indiferença, perda de energia, letargia persistente, sentimento de culpa, inutilidade, dificuldade de concentração e tomada de decisão.  Dores inexplicáveis, pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

A pessoas que tem o transtorno podem apresentar mais episódios de depressão do que de mania/hipomania e geralmente são nesses episódios que as pessoas buscam tratamento, e na maioria das vezes o diagnóstico é feito de forma incorreta, com a identificação apenas de uma depressão unipolar, o que pode prejudicar o tratamento. É importante informar para o profissional se já houve fases em que houveram alterações no humor como descrito acima para o polo “alto”. 

QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO PARA O TRANSTORNO BIPOLAR?

Não há uma causa única para os transtornos do humor, entendemos que é causa multifatorial. Os principais fatores de risco estão relacionadas aos componentes genéticos, experiências traumáticas ou eventos estressores e experiências adversas na infância, como abuso, pobreza, maus tratos, ambientes invalidantes, uso excessivo de drogas e álcool. Todas essas experiências podem se relacionar com os fatores genéticos e fazer eclodir a doença. 

 

O TRANSTORNO BIPOLAR É CLASSIFICADO POR TRÊS PRINCIPAIS TIPOS: 

O TIPO 1 

É caracterizado pela ocorrência de pelo menos um episódio de mania, seguido de episódio de depressão. Os episódios de mania podem ser tão graves desencadeando uma ruptura com a realidade, o que chamamos de sintomas psicóticos.  Na mania a pessoa pode apresentar sintomas de autoestima muito inflada, redução da necessidade de sono, loquacidade, distraído, muita irritabilidade podendo ocorrer agressões,  direcionado a objetivos ou movido por ideias, ou se envolver em atividades que podem gerar consequências drástica financeiras sem necessidade, uso excessivo de drogas, sexo. Na maioria das vezes é necessário internação  hospitalar para estabilização. 

TIPO 2

É caracterizado pela presença de pelo menos um episódio depressivo e de hipomania. Os sintomas da hipomania são os mesmos da mania, porém com uma intensidade menor mas que afeta a vida diária da pessoa.  No entanto, os sintomas podem ser mais difíceis de identificar nesse tipo porque são menos graves, prolongando o diagnóstico e o tratamento. O tipo 2  são os mais frequentes entre a população geral.

CICLOTIMIA 

A ciclotimia apresenta os sintomas de “altos” e “baixos” de forma mais branda e crônica por pelo menos dois anos ou mais, não trazendo tantos prejuízos como nos tipos 1 e 2. Na ciclotimia a pessoa não terá uma hipomania ou uma depressão completa.

COMO O TRANSTORNO BIPOLAR É DIAGNOSTICADO? 

Não existe um “teste” que possa fazer para determinar o transtorno bipolar. É necessário uma avaliação com um profissional especializado em saúde mental e falar sobre os sintomas específicos com ele.

O médico solicitará exame físico completo para descartar quaisquer condições médicas subjacentes, como hiper e hipotireoidismo, que possam causar estados maníacos ou depressivos. Se nenhum for encontrado, é realizado uma entrevista psicológica detalhada para coletar informações adicionais e determinar que tipo de transtorno bipolar você pode estar sofrendo, a intensidade e os prejuízos deste sintomas  na vida diária, trabalho, escola e relacionamentos. 

Nesta entrevista o profissional avaliará o histórico familiar, se há membros da família com transtorno bipolar ou depressão, isso é uma bandeira vermelha para a predisposição genética para o desenvolvimento de um transtorno bipolar.  

É importante informar ao profissional se há na história familiar suicídio consumado ou tentativas de suicídio, o que é preocupante porque o transtorno bipolar não tratado pode resultar em suicídio. Nas gerações anteriores, muitas vezes os membros da família não percebiam que tinham uma doença mental ou não eram diagnosticados, mal diagnosticados ou nunca procuravam tratamento. Portanto, quando uma familiar cometeu ou tentou suicídio em sua história, pode ser um alerta para bipolar.

A participação da família é de extrema importância para o diagnóstico, muitas vezes familiares, parceiro significativo ou colegas de trabalho são os primeiros a reconhecer os sinais e sintomas do transtorno bipolar. A pessoa que sofre do transtorno pode relutar em procurar ajuda no início - principalmente porque pode não perceber o quão perturbador é o distúrbio em sua vida ou pensar que é apenas parte de sua personalidade e gostar de se sentir eufórico quando está em mania ou hipomania. 

 

COMO É O TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR?

Medicamentos e psicoterapia, de preferência  a terapia cognitivo comportamental são os planos de tratamento mais indicados para pessoas que sofrem de transtorno bipolar e a taxa de sucesso desses planos é muito alta se for seguidos de forma consistente. É necessário uma mudança no estilo de vida, como rotina de sono, atividade física e alimentação saudável para ampliar a resposta positiva do tratamento. 

Se você acredita que pode estar com sintomas de maia/hipomania ou depressão, busque ajuda. O TB não desaparece sozinho, mas com o plano de tratamento certo, você pode administrá-lo com sucesso.

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PASSOS QUE VOCÊ PODE SEGUIR APÓS SER DIAGNÓSTICADO COM TRANSTORNO BIPOLAR

 

Um diagnóstico de transtorno bipolar pode vir com um turbilhão de emoções e pensamentos desconfortáveis, principalmente por ainda carregarmos um estigma muito grande sobre problemas de saúde mental. Por outro lado pode se sentir aliviado por finalmente ter um diagnóstico onde pode compreender melhor o que se passa com você, muitas coisas começam a fazer sentido, sendo assim a busca por soluções torna-se mais possível.  Uma preocupação com o futuro também pode surgir, faz parte, porém a possibilidade do tratamento correto pode te dar esperança para um futuro com uma vida normal e funcional, pois o transtorno bipolar é altamente tratável. 

Abaixo algumas dicas para você seguir para gerenciar melhor a sua vida com o transtorno bipolar: 

Passo 1ASSUMA UM PAPEL ATIVO EM SEU TRATAMENTO

O médico e o psicólogo irão te informar o plano de tratamento mais adequado para você, coloque-se no banco do motorista, esteja no comando. 

  1. Comece buscando boas informações sobre transtorno bipolar e as opções de tratamento com evidências científicas. Estude os sintomas, para que você possa reconhecê-los em si mesmo. Aprenda tudo o que puder para tomar decisões bem informadas sobre seu próprio tratamento. Lembrando que o diagnóstico só pode ser realizado por um profissional de saúde mental. 

  2. Use seu conhecimento para colaborar com seu médico. Você conhece melhor o seu corpo, humor e sintomas. Você é a única pessoa que pode dizer com clareza o que se passa se não tenha vergonha ou medo de dizer o que não está funcionando para você. 

  3. Seja realista e paciente junto com seu médico.  O tratamento é complexo e pode demorar um pouco a estabilização dos sintomas. O progresso não acontece da noite para o dia, pode levar algum tempo até encontrar o tratamento que funcione para você. 

​ Passo 2 -  MONITORE O SEU HUMOR E SINTOMAS

Acompanhe seu humor e sintomas para que você possa identificar mudanças que se aproximam antes que as crises de depressão ou de  mania/hipomania apareçam. Ao rastrear o seu humor, observe com muita atenção os padrões de como surgem e como são os para que você vá ficando cada vez mais afiado em identificar sinais possíveis de início de uma crise. 

  1. Identifique os gatilhos que afetam o seu humor. Estes podem ser estresses, problemas na escola ou no trabalho, discussões com entes queridos, falta de sono, mudança de estação. Ao descobri-los você pode trabalhar para evitá-los ou minimizar o impacto deles em sua vida. Monitorar o humor por algum aplicativo também pode ajudar.  

 Passo 3  - CRIE A SUA CAIXA DE FERRAMENTAS PESSOAL DE BEM-ESTAR

Se você detectar sinais de mania ou depressão, é importante agir rapidamente. A caixa de ferramentas de bem-estar pode te ajudar. Ela é uma coleção de estratégias de enfrentamento nas quais você pode confiar para manter a estabilidade quando não estiver se sentindo bem. Vai levar um tempo até que você teste para saber o que funciona para você. A psicoterapia pode ajudá-lo a identificar as estratégias mais eficazes. 

Algumas estratégias que podem funcionar: conversar com um amigo ou ente querido, uma boa noite de descanso; ligar para o seu médico ou terapeuta, exercícios físicos, reduzir o consumo de açúcar, álcool, e cafeína. Defina metas e objetivos coloque seus pontos fortes em evidência. Ao testar o que funciona para você, escreva e coloque em algum lugar acessível para se lembrar com facilidade. Pode ser dentro de uma caixa mesmo, ou anotado em seu bloco de notas no celular. 

Passo 4 - TENHA UM PLANO DE CRISE

Mesmo com o esforços no tratamento correto as pessoas que vivem com transtorno bipolar ainda experimentam períodos de mania/hipomania ou depressão. Nessas situações o seu bem-estar está em jogo. Nestas horas você pode precisar de ajuda, pois na maioria das vezes pode perder o controle da situação.

Algumas ações podem te ajudar:   

  1. Tenha uma lista de contatos de emergência, como seu médico, psicologo e familiares próximos que te apoiam no tratamento. 

  2. Uma lista dos medicamentos que toma regularmente incluindo informações e dosagem.

  3. Sintomas que indicam que você precisa que outras pessoas assumam a responsabilidade por cuidados com a sua saúde.  

  4. Informações sobre o seu tratamento, o que funciona, o que não funciona e quem está autorizado a tomar decisões por você. 

 

Passo 5 -  CONSTRUA UMA REDE DE APOIO

Não se isole quando perceber que está chegando um período de instabilidade.  É importante deixar seus amigos e familiares saberem o que está acontecendo para que eles possam apoiá-lo melhor. 

Busque novos relacionamentos inscrevendo-se em algum curso, participando de um clube, um trabalho voluntário, participando de alguma comunidade de pessoas que também vivem com a doença, são locais onde a sua rede social pode aumentar diminuindo a possibilidade de se isolar. 

 

 

CUIDE BEM DE VOCÊ 

Lucinê Costa e Silva - Psicóloga - CRP04/22623

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